Lílian Maial

Basta existir para ser completo - Fernando Pessoa

Textos

SONETO DE FIM DE OUTONO

                                     © Lílian Maial



Os ventos dos outonos são tristonhas

Cantigas, cujas notas fazem ninho

No peito do poeta passarinho,

Que voa junto às folhas enfadonhas.

 

Ousar desabrochar as sem-vergonhas,

Antecipadamente e sem espinho,

É como um jardineiro e seu ancinho,

Remodelando o amor com mãos risonhas.


 
A primavera ainda titubeia,      
                                     

Hesita entre o florir e o preservar,

Como a sentir saudade d’outro inverno.


 
Assim é o meu amor, que inda esperneia,

E insiste na paixão que o faz penar,

Enquanto, no meu peito, o sol hiberno.

 
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Lílian Maial
Enviado por Lílian Maial em 28/09/2009


Comentários
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Cairo Pereira
Lindo, lindo, lindo! Ritmo e sonoridade perfeitos. Gostei muito. Tem gente aqui do Recanto que coloca o poema em "Sonetos", mas nem sabe o que é um soneto. Mas, pelo que vi você sabe tudo! Quero que me ensine também, hem! Rsrsrsrs
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KNZ
Que maravilha Lilian. Ler Sonetos já é um enorme prazer e ler Sonetos assim tão "perfeitinhos" aí já mesmo um enorme presente. Bravíssimo professora e poetisa!
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ALEXANDRE MOHOR
Tristeza... hiberne não... Mas, se a fase convida, então que seja... para tempos melhores... Beijos.
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Onofre Ferreira do Prado
Prezada Lílian! Bonito e bem inspirado soneto! Uma sensação de tristeza, que termina com o início da primavera, renovando e alegrando a Natureza. Grande abraço!
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Narcelio Lima
Gostei muito. ainda mais por se tratar da estação mais bela



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